Da série: Pau que bate em Chico, bate também em Francisco.
A censura na internet avança cada vez mais (link para a notícia). O caso das cientistas que ousaram entrar em uma polêmica sobre as causas do diabetes é mais uma ilustração das consequências desse clima de censura instaurado.
Em uma postagem que refutava a ideia de que o diabetes seria causado por vermes, as cientistas expuseram o perfil de um nutricionista que vendia protocolos de desparasitação. Como resultado, foram condenadas a remover o vídeo das redes sociais e a pagar R$ 1.000 por danos morais.
Essa condenação pode ser interpretada como uma forma clara e direta de censura. É uma estratégia antiga, amplamente conhecida, e que tem ganhado força nos últimos anos. Uma pessoa emite uma opinião, seja correta ou errada, boa ou ruim, e é imediatamente processada. Em tempos normais, esses processos não teriam avançado, e o bom senso prevaleceria.
Ah, mas e a privacidade e o direito à propriedade intelectual, alguém poderia perguntar! Essa questão, na verdade, é apenas uma distração — uma armadilha para os mais ingênuos. Afinal, que ladrão ou corrupto gostaria de ver sua imagem ou documentos privados usados em uma denúncia pública? Esse tipo de argumento visa justamente inviabilizar qualquer trabalho jornalístico sério. Imagine o impacto nas denúncias e flagrantes! Seria a morte do jornalismo investigativo. Ou se denuncia sem as imagens, correndo o risco de ser processado por calúnia (um crime de opinião), ou se apresenta as imagens e é processado por uso indevido de imagem.
Devo admitir que esse clima direitista de censura foi amplamente impulsionado pela esquerda. Incapaz de vencer no campo do debate político e após uma série de erros de avaliação, a esquerda passou a se fiar na tentativa de controlar, silenciar e censurar. Contudo, o jogo da censura pertence à direita.
Agora vem o mais curioso: se as cientistas cometeram um crime ao expor o nutricionista, a UOL, ao divulgar a história, poderia ser responsabilizada por relatar a “feitura do crime” — mesmo sem mostrar as informações pessoais do nutricionista? Por outro lado, as cientistas não poderiam processar a UOL por divulgar o processo e o vídeo que elas postaram? Afinal, elas também estão sendo expostas. E aqueles que compartilharam o vídeo, também deveriam ser processados?
Com o PL da censura estacionado, podemos ver o vídeo do crime, discutir sobre ele, e até mesmo dizer (emitindo minha opinião) que crime algum foi cometido.
Mas até quando poderemos fazer isso?