Quando a França limita a importação de carnes do Brasil, o presidente francês anuncia à imprensa que é por “questões sanitárias”. O discurso sanitário tem uma função clara: ocultar o verdadeiro motivo, que é o protecionismo do mercado francês, em defesa dos interesses dos produtores locais de proteína animal. Assim, o argumento sobre a questão sanitária é pura ideologia, uma máscara.
Os brasileiros, observando a situação sem estarem diretamente envolvidos, se preocupam: existe uma crise sanitária no Brasil? Estou consumindo carne de má qualidade? Seus temores são construídos diariamente por essa ideologia, e quanto mais se envolvem nessas inquietações, mais desafiador se torna discernir o que está acontecendo.
Há os ideólogos, que criam argumentos, escavam estudos e tentam direcionar a conversa com um verniz de seriedade e razão. Os analistas da mídia. Eles têm uma única missão: desviar a discussão do verdadeiro motivo, o protecionismo francês.
Contudo, existem aqueles que, por várias razões, enxergam rapidamente a situação como ela é – não devido a uma visão superior ou educação excepcional, mas porque a máscara nunca é totalmente impenetrável. Um dos primeiros a perceber isso é o pecuarista francês, que vê seus interesses protegidos. O político francês garante que ele compreenda isso e busca a reeleição.
O pecuarista brasileiro, cujos interesses são diretamente afetados, também está atento. Ele precisa descobrir como combater essa barreira comercial. Entre as opções, pode-se resignar e buscar outros mercados. Mas por vezes, confrontar o embuste e apontando a real motivação: “o protecionismo francês”, buscando derrubar a mascara da argumentação ideológica.
Depois de todo esses imbróglio onde está o acadêmico? Ah, o acadêmico. Enfronhado na ideologia, está até agora tentando encontrar a solução definitiva para a “crise sanitária”. Não apenas crê na ideologia com toda as forças, como crê que é o único capaz de soluciona-la.
Uma anedota sobre o caráter pedagógico da proibição dos celulares nas escolas.